“Por que será que na vida tudo é diferente dos romances? Nos romances há príncipes. Na vida não há. Nos romances há fadas. Na vida não há. Nos romances os animais falam. Na vida não falam. Os namorados dos romances são sempre bonitos. O mocinho é forte, de ombros largos, valente, e está sempre disposto a morrer pela sua amada. A mocinha tem cabelos de ouro, olhos azuis e vive num castelo muito, muito lindo, com aias, pajens… o diabo! (O diabo não, credo! Deus que me perdoe!) Quando conversam, só dizem coisas bonitas. (…) Amor meu, luz dos meus olhos! Os seus olhos são dois lagos encantados onde o céu se mira como num espelho!”
Maio. Vestido branco. Ele e ela. Dez anos. Choro no altar. Mãe em prantos. Padre velho com seus 70 anos, diz: “pode beijar a noiva”. Pronto! Enfim, unidos para sempre! Sempre? Quem sabe! Daqui a pouco, enfim, sós. Ou como ele, um sempre gentleman, diz: “enfim, juntos”. Uma praia. Ipanema. Verão em alta. Lotação no Posto 9, o point dos famosos. Cervejinha gelada, futebol e boa ondas. Aquelas ondas! Ele surfista, olhos castanhos, cabelo preto encaracolado. Ai, que cachos! Os cachos que a encantam. Sai do mar. Prancha no braço. Ela olha. Olha mais. Ele olha. Toda sem graça, ela ri. Linda! Pequena, loirinha com olhos cheios de brilho. Biquíni amarelo, canga rosa. Gosta de cor. Gosta de vida.
“Estava à toa na vida/O meu amor me chamou/Pra ver a banda passar/Cantando coisas de amor”. Chico nos ouvidos. Chico nos pés. Primeiro beijo. Ele suspira. Apaixona-se. Sim, mais um beijo. Daí pra frente: conversas, amigos, roupa suja, tapas, perfumes, presentes, jantares, horas, gritos, sussurros, areia, vasos quebrados, bossa nova, filme, calor, cobertor, ele, ela.
Lingerie especial. Pétalas de rosas. Felicidade estampada no rosto e nos lençóis. Filhos. A primeira menina. Gordinha e do tamanho de um botão, leva o papai no bolso e a mamãe no coração. Dois anos. Mais uma. Mais anos. O amor flui. Constante e belo. Cheio dele e dela. Sempre?
Assim devia ser. Tão simples. Tão duradouro. Tão amor. Voltamos à pergunta da pequena Clarissa de Veríssimo, no começo. E o mesmo Chico do primeiro beijo, responde:
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
O amor é uma dor,
É um tédio sem remédio,
Que nem um prédio desabando,
Assim Eu sigo te amando,
Sendo deixado de lado,
Sem ser amado.
Ah, “coé” Zé, tá de bobeira
Quer romance vai ler um livro meu irmão,
…….
Zezao, meu camarada!
É nOiX QuE tAhh!
mt bom!
excelente texto, parabéns…
agora, algo que me deixou deveras curioso:
que ‘comentários’ são esses?
:D
sorte e luz, sempre!
faz parte, né?
;)