Certo dia, uma menina com apenas 14 anos, Bianca, entrou na loja e perguntou se havia um vestido de festa para a outra garota que a acompanhava, Luana. Contudo, o vestido não podia ser preto, pois a primeira roupa que ela iria usar na sua grande festa de 15 anos, já era dessa cor. Enquanto Luana, intitulada como melhor amiga, provava alguns modelitos, Bianca, vestida com o uniforme do colégio, e com um sorriso de orelha a orelha, contava-me sobre a festa.
Sabe aquele filme, “Bonequinha de luxo”? Hummm… sei, mas nunca o vi. Pois então, é o meu preferido! E o tema da festa vai ser esse! Meus dois vestidos, o da recepção e o da valsa serão iguais aos que a “bonequinha” usou: o preto e o rosa! Ah, que legal, Bianca! …. Vamos lá no provador ver como a Luana está ficando?
Lógico que a conversa não foi só essa e que eu não fiquei tão desinteressada (senão não estaria falando sobre tal assunto), mas basicamente, foi o que aconteceu. E eu não conseguia parar de pensar no filme que a menina tinha me dito. Gosto tanto de cinema, ainda mais de clássicos, e nunca tinha sequer pensado em vê-lo.
Passaram-se dias e, às vezes, o filme vinha a minha cabeça. Anteontem, em uma sessão extensa de longas no Telecine, me deparo com uma cena de algum dos dez filmes que assisti nesta semana: um personagem triste estava deitado no sofá vendo nada mais, nada menos do que Breakfast at Tiffany’s. Pensei, putz! Bela tradução do nome do filme, hein?!
Mas a melhor parte foi que hoje, quando já me encontrava estressada devido ao fato de não ter NADA pra fazer, apertei o 6 e o 5 do controle remoto, cai no Telecine Cult e lá estava … um cara falando sobre … Três minutos depois, Audrey Hepburn surge na tela, em frente à vitrine da Tiffany & Co. , com seu vestido exuberante e o Wayfarer da Ray Ban (o óculos que voltou com tudo em 2009. Eduardo Bravin que o diga! rs)
Ai, gente, que emoção! E que mulher linda! Ai sim que eu fui entender o porquê do nome original do filme (loja de jóias, café-da-manhã, pããã e tal) e que fui ver o encanto que aquela menina, prestes a fazer 15 anos, tinha visto em um filme de 1961.
Audrey está brilhante no papel criado pelo escritor Truman Capote (surpresa, pra mim). Papel esse, que foi amaciado para poder ir às telas de cinema, ainda mais daquela época. Afinal, Holly, no livro, era bissexual, já no filme era uma garota de programa de luxo que sonhava em achar um homem milionário para tornar-se seu marido. Porém, ela acaba se apaixonando por seu recente vizinho e a partir desse romance, o roteiro é amarrado.
Tamanha foi a interpretação de Audrey, que em poucos momentos eu lembrei que Holly era uma garota de programa. Nas palavras de Rodrigo Cunha, as quais não pude traduzir melhor: “…pelo olhar ingênuo que Hepburn concede à personagem ela torna-se extremamente dócil e sonhadora. Nunca vemos com maldade o que ela quer fazer, pelo contrário, simpatizamo-nos imediatamente com seu jeitinho e com seus sonhos.”
Foi assim que nasceu minha admiração pelo filme (inclui-se aqui também, a música Moon River) e principalmente, pela “bonequinha” (atriz e personagem). Não sei quais foram os motivos que Bianca teve para colocá-lo no ranking de seu filme preferido, mas foram suficientes para organizar sua sonhada festa.
Ah, Luana… que pena que nenhum vestido ficou bom. Mas qualquer coisa que precisarem, voltem aqui! Feliz aniversário, Bianca! E boa festa!